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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O SÃO LUIS


"Outros que tenham com mais luxo o LAR,
a mim me basta: SAÚDE e ALEGRIA...
ÁRVORES, FILHOS (netos!) e a PAZ desse lugar!"
(Claudia de Goes)

A HISTÓRIA:

Em 1858 o capitão da Guarda Nacional JOSÉ ALEXANDRE CASTELLO BRANCO comprou o Sítio Canna-Brava”, pertencente ao comerciante português Luiz Ribeiro da Cunha, estabelecido em Baturité, "pela quantia de trinta e dous contos de reis". Segundo registro em antigas escrituras, o Sítio Canna-Brava situava-se “na Serra de Santa Anna com todas as benfeitorias assim como casas, plantações, engenho de ferro, caldeiras, duas juntas de bois, moendas, e as partes das terras compradas dos herdeiros dos finados Mathias Rodrigues d’Andrade e sua mulher.
Ao Sítio Canna-Brava” foram anexadas os sítios, “Santanna” e “Castelo”, terras que já pertenciam ao Capitão José Alexandre... E assim ele formou a grande propriedade que denominou “SÍTIO SÃO LUIS”.
No antigo Sítio Canna-Brava funcionava há tempos um grande Engenho de cana de Açúcar com intensa produção de aguardente e rapadura, conhecido e famoso como "ENGENHO SÃO LUIS", desde os tempos de seu primeiro dono, Luis Ribeiro da Cunha. O Engenho centralizava muita mão de obra e movimentava grande parte da economia da região, e atribui-se a isso o fato do Coronel José Alexandre dar o nome do antigo ENGENHO SÃO LUIS à nova propriedade formada por ele: SÍTIO SÃO LUIS”.
(Ver escritura original transcrita no final do Blog)

Em 1869 o Capitão José Alexandre Castello Branco vende o SÍTIO SÃO LUIS” a seu irmão, Coronel João Pereira Castello Branco,por 13:000$000 (treze contos de réis).
De acordo com a história documental, é provável que o casarão tenha sido construído entre 1870 1880 (pesquisas e documentos do historiador e Professor Levi Jucá).

O SÍTIO SÃO LUÍS foi uma das mais ricas propriedades da Serra de Baturité, onde João Pereira Castello Branco residiu com a família por muitos anos até o seu falecimento em Baturité em 01/11/1900.

Com sua morte e a decadência do CAFÉ na Serra, a propriedade, foi entregue pela família à firma de investidores franceses "Boris & Fères", junto a qual se encontrava hipotecada.

Os irmãos Boris (Messieurs BORIS FRÈRES) entregaram a propriedade, através de contrato de arrendamento, ao Coronel José Cícero Sampaio (Coronel Zeca), proprietário do "Sítio Girau" onde residia (vizinho ao Sítio Arvoredo, em Pacoti). 



Coronel ZÉCA, como era conhecido, recebeu essa patente da Guarda Nacionalcriada em 18 de agosto de 1831, durante o Período Regencial e teve grande importância nos meses seguintes à abdicação de D. Pedro I.
Era um líder politico influente e foi o primeiro intendente de Pacoti, cargo equivalente ao de Prefeito. Em 1922 ele faleceu ficando a administração do Sítio São Luís com seu filho único, Luís Cícero Sampaio, recém formado numa das primeiras turmas de Direito da Faculdade de DIREITO do Ceará. Época em que a Faculdade, que foi a primeira Instituição de ensino Superior do Ceará, funcionava no andar superior do antigo prédio da Assembleia Legislativa, hoje Museu do Ceará.


Dr. Luis Sampaio foi Promotor em Baturité e, seguindo os passos de seu pai na política, exerceu por três vezes o mandato de Prefeito de Pacoti.

Enquanto esteve à frente da Promotoria de Baturité, descia a Serra a cavalo, pelo menos três vezes por semana, até aquela cidade.


Em 1923  ele casou com sua prima, Maria Carmen Nepomuceno Sampaio e permaneceram por um ano morando com sua mãe, dona Mará, tia e madrinha de Dona Carmen, no Sítio Girau.


Em 1924 ele negocia a propriedade com os "Boris & Fères", mas a transação da compra do Sítio só foi finalizada em 31 de julho de 1930, pelo valor de 40 contos de Réis, pagos em grande parte com o dinheiro do CAFÉ produzido ali, e ainda com borracha de Maniçoba (Manihot glaziovii Muell. Arg. da FAMILIA Euphorbiaceae) couro de boi.


Traslado do Contrato de Compra e Venda do Sitio São Luis


Dr. Luis e dona Carmen 
em 1924 quando eles
chegaram pra morar no casarão do Sítio São Luis.

O casal não teve filhos mas criou como filho o sobrinho Onofre Medeiros Nepomuceno, filho de Hilda e Francisco Nepomuceno, irmão de dona Carmen. Onofre, meu sogro, morreu cedo, em 1985 com 55 anos, vítima de enfisema pulmonar agudo.
Quando Dr. Luis faleceu em 1965, deixou em testamento essa propriedade para dona Carmen, que aí viveu com seu neto e bisnetos durante muitos anos, falecendo aos 97 anos de idade, no dia 8 de maio de 2000, em Fortaleza.

Em testamento também recebi de Dona Carmen a honrosa missão de conduzir o destino dessa propriedade – o Sítio São Luis, do qual tenho cuidado com especial carinho, preservando suas memórias e resgatando suas histórias, apesar de todas as intempéries...

Essa foto mostra a arquitetura original da casa, com suas "PLATIBANDAS".
(Platibanda: espécie de mureta erguida na parte mais alta das paredes externas de uma construção para proteger e ornamentar a fachada.)

NOVOS TEMPOS

O casarão do Sítio São Luis, em Pacoti,
constitui hoje o melhor exemplo de arquitetura colonial da Serra de Baturité, localizada na região norte do estado do Ceará.



Em meio ao intenso verde da exuberante vegetação que cobre a Serra de Baturité, a uma altitude de 679m acima do nível do mar (cota da soleira da porta da frente), em Pacoti (Ceará, Brasil), encontra-se uma majestosa construção de imensas colunas brancas que se fecham em arcos simétricos, como uma fortaleza.

A construção é obra de arquitetos holandeses vindos de Recife.
Duas vilas de casas de moradia foram erguidas para abrigar os operários da obra que teria demorado cerca de vinte anos até ser concluída pelo coronel João Pereira Castello Branco que ali viveu com seus dez filhos...

Feita por mãos de escravos, impressiona pelo porte arrojado de suas belas colunas (30 ao todo), admirável pela estrutura sólida de seus arcos de quinas abauladas, toda erguida em tijolo e barro, feitos ali mesmo, com argila escura e queimados em fogo artesanal.

Foto de Janus Lonngren

As paredes altas são características dos antigos casarões da época colonial que usavam tochas de fogo para iluminar o seu interior. Todas as portas e janelas são de cedro maciço, retirado da própria mata que ainda existe no seu entorno.
A água pura e cristalina que sai gelada em suas torneiras, vem de uma nascente localizada no alto do morro atrás de casa,
onde chega pela força da gravidade.
Até alguns anos atrás esse encanamento era original,
feito com bambus, nativos da região serrana. 



Na enorme cozinha ainda se pode ver um antigo "CILINDRO" de oxigênio  que fazia parte da Central de aquecimento de ÁGUA, um sistema bem artesanal que funcionou até o final da década de 1990. Era usado para armazenar a água que passava por dentro dele e seguia por um cano de ferro galvanizado até a SERPENTINA no interior do FOGÃO a LENHA. Depois de aquecida, essa água retornava ao cilindro e se misturava com a água fria. Esse ciclo se repetia várias vezes até aquecer completamente toda a água que seguia quentinha para o chuveiro e os lavatórios.


Fogão antigo reformado muitas vezes... 


A maioria dos fogões a lenha da Serra tinham esse sistema de "serpentina".
E tanto esses fogões como as serpentinas, foram idealizadas, projetados e montados pelo Mestre José Xavier Ribeiro Maia, ou "Mestre ZÉ", uma figura humana extraordinária que tive o privilégio de conhecer.
Homem simples de notável inteligência, engenheiro nato que jamais esteve numa universidade, no entanto, foi ele o construtor de muitas casas e engenhos, açudes e barragens, na Serra e no sertão.
Ele montou as primeiras máquinas de pilar café que chegaram à Serra, já no segundo Ciclo do Café, as famosas Máquinas "D'andrea". A família D'Andrea iniciou sua atuação em 1935 com
fundação da Indústria de Máquinas D'andrea S/A, na cidade de Limeira, interior de SP, produzindo máquinas agrícolas.

Era o Mestre Ribeiro Maia que projetava e montava os grandes engenhos da Serra, desde a sua estrutura, fornalhas e caldeiras. Projetava a coberta, consertava caldeiras de ferro, ajustava moendas e construía rodas d’água, como ninguém. Reparava motores diesel, caldeiras a vapor e construía os tonéis onde se armazenava a aguardente, calculando de forma exata e precisa a sua capacidade de armazenamento.
Era músico, poeta e compositor, tocava trompete e clarinete, escrevia belos poemas.
Acredito que ele tenha convivido com mais de três gerações de proprietários da Serra. Começou com meu bisavô materno, o coronel Chichio (Francisco de Mattos Brito), no sítio Guaramiranga, onde, segundo ele, moço ainda, "ficou muito atraído para a arte da mecânica, ao ver o rodeiro girando dentro do trilho, pilando café, acionado por uma roda de madeira dentada, numa estralagem monótona, acionada por um motor a caldeira vapor".
Sei que trabalhou com meu avô paterno, José Marinho Falcão de Goes, nos sítios Logradouro, Pau do Alho e também na Fazenda Cachoeira, em Quixeramobim. E eu mesma, quando menina, o vi trabalhando ainda para meu avô materno, Arcelino de Mattos Brito, no sítio Brejo, depois com meu pai, Zelito (José Ellery Marinho de Goes), e por último, esteve por inúmeras vezes no Sítio São Luis, consertando geradores, caldeiras do engenho, máquinas de pilar café, reformando fogão e outras coisas mais, quando eu aí morava depois que me casei...
Fica aqui registrado nosso tributo a esse honrado e saudoso
Mestre Zé Xavier.

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Para viabilizar o início da obra do casarão, os holandeses projetaram a construção de uma pequena barragem nas águas do Rio Pacoti, que demarca os limites em uma das extremas do sítio.
Através de uma porta d’água de puro bronze fincada em um dos lados da parede do pequeno reservatório, sai um canal de irrigação que circunda a área atrás de casa e segue correndo por uma "levada", dividindo-se em vários sub-canais, percorrendo toda a extensão do vale à frente do casarão.
Durante muitas décadas esse canal,
conhecido como o Canal dos Holandeses,
impulsionou a roda d’água do antigo engenho São Luis,
ao lado da casa grande.




Sítio São Luis tem hoje uma área remanescente de 210 ha,
com mais de 40 ha de mata preservada
e alguns núcleos de mata nativa totalmente intacta.
Conserva ainda antigos roçados de café,
alguns com mais de cem anos de idade.



"FAXINA" (Terreiro) de secagem do CAFÉ


O velho casarão já foi cenário de dois longas-metragens:

Em julho de 1998, foi o principal cenário do projeto cinematográfico de Florinda Bolkan:
Eu Não Conhecia Tururu”.
Em junho de 2007, serviu de locação para o primeiro longa-metragem de época
rodado e produzido no Ceará:
Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”,
de Glauber Filho e Joe Pimentel.


A imagem do casarão foi assim preservada e imortalizada pela maravilhosa
ARTE do CINEMA.

O Sítio São Luis mantém a tradição de resgatar a memória de seus antepassados, integrantes de algumas das mais tradicionais famílias da Serra, preservando costumes, fatos e feitos que recordam os momentos alegres e felizes por eles vividos. São exemplos de luta, de lealdade, de união e de coragem, de vidas simples mas de ricas virtudes. Essas histórias, sempre recontadas entre a família, são assim preservadas e repassadas às novas gerações.


A propriedade pertence hoje a
Claudia Maria Mattos Brito de Goes.


Vista aérea da propriedade
Fotos: Comandante Arcelino de Mattos Brito Neto


Vista aérea
Imagens de Daniel de Goes Nepomuceno
(Engenheiro Agrônomo)




* *  *
Coordenadas do Sítio São Luis:
Localização: Distrito de Santana, município de Pacoti, no topo da Serra de Baturité, região norte do Estado do Ceará.
Coordenadas Geográficas: 4.135278 – 38.532610 (Latitude, Longitude)
Distância de Fortaleza: 120 km.
Altitude: 679m acima do nível do mar (cota da soleira da porta da frente)
Como chegar: sair de Fortaleza pela CE-060 e seguir até Baturité. Subir a Serra, passar por Guaramiranga e seguir em direção a Pacoti. Na saída da cidade de Pacoti, seguir à direita, em direção ao distrito de Santana, a 5 km do centro da cidade, e chegar ao Sítio São Luis.
Outra opção: sair de Fortaleza pela estrada de Maranguape e seguir pela CE-065, passando por Palmácia, até Pacoti.

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Escritura do Sítio São Luis, assim denominado a partir da compra e junção dos sítios Cana-brava e Santa Anna (traslado original)
Escriptura que fazem e assignão Luis Ribeiro da Cunha e sua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha, por seo procurador Floriano Vieira Perdigão, do Sitio Cana-brava em sima da serra, e as partes que comprarão aos herdeiros do finado Mathias Rodrigues d’Andrade e sua mulher, com as benfeitorias que nelle se acharem, feita ao comprador José Alexandre Castello Branco, pela quantia de trinta e dous contos de reis de que pagou a Siza correspondente como abaixo se declara. = Saibão quantos esta virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e cincoenta e oito, neste Sitio Santa Anna de Termo da Villa de Baturité Cabeça da Comarca da digo Baturité, em casas de residência de José Alexandre Castello Branco, a onde veiu eu Tabellião, e aos trinta dias do mes de junho do dito anno, edeu de ahi forão prezentes partes justas, havidas e concertadas, estipulantes e acceitantes, de uma como vendedores Luis Ribeiro da Cunha e Sua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha, por seu procurador Floriano Viera Perdigão, e da outra como comprador José Alexandre Castello Branco, conhecidas de mim tabellião de que dou fé, e pelo procurador dos vendedores foi dito em prezença das testemunhas abaixo assignadas que de hoje para sempre vender por parte dos constituintes o Sitio Cana-brava na Serra de Santa Anna com todas as benfeitorias que nella se achão, assim como casas, plantações, engenho de ferro, caldeiras, duas juntas de bois, moendas, e as partes das terras compradas dos herdeiros dos finados Mathias Rodrigues d’Andrade e sua mulher, cujos títulos os vendedores entregão ao comprador, não dando as estremas por estarem medidas no mesmo Sitio Cana-brava comprado a Feliz Antonio de Sousa Barros e sua mulher, e a Manoel Gomes Barreto e sua mulher, cujas estremas dignará o comprador na forma que se acha declarado nos respectivos títulos de compra que lhe são entregues por elles vendedores, cujas terras e suas benfeitorias vendem pela quantia de trinta e dous contos de reis que neste acto lhe foi entregue em letras pagáveis em prestações e recebidas por elle procurador dos vendedores, disse que por parte dos constituintes, desde já transfere no comprador todo o domínio, direito, acção, e posse que n’elle tinhão nu dito Sitio partes das terras e suas benfeitorias, e lhe dá licença para com Authoridade de justiça ordem della tome posse quando quizer do referido Sitio, partes de terras, e suas benfeitorias, ide a não tornar seos constituintes se constituírem em possuidores em nome do comprador. Disse mais que se os constituintes se obrigão afazerem esta venda boa e a defenderem ao comprador quando este os chamar a autoria, e logo me apresentou a procuração bastante de theor seguinte = Numero vinte e cinco Reis Cento i Sessenta. Pagou Cento i Sessenta reis de sello. Ceará vinte d’Abril de mil oito centos e cincoenta e oito. Gurgulino Raposo = Procuração bastante que fazem Luiz Ribeiro da Cunha, e sua mulher Dona Maria Carolina Vieira da Cunha. = Saibão quanto este publico Instrumento de Procuração Bastante virem, que no anno do Nascimento di Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos cincoenta e oito, aos vinte e oito dias do mês de junho do dito anno, nesta Cidade de Fortaleza Capital da Província do Ceará Grande ma casa de Luis Ribeiro da Cunha onde fui vindo eu Tabellião Publico, Senso ahi me foi presente o mesmo eSua mulher, bom conhecidos de mim Tabellião de que dou fé, epor elle me foi dito em presença das testemunhas abaixo assignadas que na milhor forma via de direto Constituem por seos bastantes procurador a Floriano Vieira Perdigão, Antonio Francisco da Silveira Junior, João Pereira Castello Branco, e Marçal Gomes da Silveira, aos quaes dão poderes especiais para fazerem a venda de seo Sitio em Santa Anna na Serra de Baturité a José Alexandre Castello Branco, pela quantia de trinta e dous Contos de reis, com o prazo de um a oito annos com todas as condições especificadas na Carta d’ordem que escrevem elles Constituintes nesta data. E a elles insolidem ou a cada de per si dá poderes para que em nome d’elle Outorgante possa em qual quer juízo ou Tribunal d’este Império e Reino estrangeiro requere toda Sua justiça em todas as Suas causas presentes ou fucturas, receber dinheiro de quais quer mãos, Cofres, Thesourarias, depósitos públicos, eparticulares; podendo tratar de conciliações perante os Juizes de Paz respectivo para cujo fim lhe concede os mais amplos e illimitados poderes; fasendo citar, propor acções, libellos, recepções, embargos, Suspenções, e outros quais quer artigos, contrariar das provas, inquirir e contestar testemunhas, jurar decisória ou supletariamente na alma delle outorgante, e deixar este instrumento na alma das partes, assignar autos, requerimentos, protestos e termos, a inda o de confissão louvação Desistência, aVerbar a quem for Suspeito, e assignar os respectivos artigos, apellar, agravar ou embargar qual quer Sentença ou despacho, eseguir aquelles recursos a inda nas Superiores instancias, tirar Sentenças, requerer aexecução dellas, Segrustros, embargos, penhoras, arrematações, adjudicações, eposse, etodas as precatórias necessárias vir com embargos de terceiro senhor ou possuidor, sem juntar quais quer documento, e tonal-as receber; variar acções, intentar outras de novo, substabelecer esta ou usar d’ella. E tudo quer for feito cobrado por elle procurador e substabelecidos insolidem promette por firme evalioso por sua pessoa ebens, reservando para si a nova citação. De como assim o disserão assignarão com as testemunhas abaixo.
Eu Miguel Severo de Sousa Pereira, Tabellião Publico que o escrevi e assigno em publico e raso de que uso. Em testemunho da verdade. O segundo Tabellião Publico Miguel Severo de Sousa Pereira, Luis Ribeiro da Cunha, = Maria Carolina Vieira da Cunha, = Bernardo José Pereira = José Joaquim de Sousa Vinhas. = E logo pelo comprador José Alexandre Castello Branco, foi dito que acceitava a presente escritura pela mesma forma que lhe era passada, i me apresentou o bilhete de Siza de theor seguinte = Como procurador das Arrematantes dos Impostos geraes d’esta Villa e Município fico recebido a José Alexandre Castello Branco a quantia de um conto novecentos e vinte mil reis, de Siza correspondente a trinta e dous contos de reis por quanto comprou o Sitio São Luiz a Luiz Ribeiro da Cunha, e Sua mulher, por ter recebido passo o presente. Baturité trinta de junho de mil oito centos cincoenta e oito. Silveira Junior. = Depois de escripta esta eu Tabellião ali perante elles que reciprocamente outorgarão, acceitarão e assignarão, e eu Tabellião a outorguei e acceitei em nome doa ausentes e pessoas a quem pertencer possa, sendo a tudo presentes por testemunhas Francisco José Rodrigues Santa Baia, e Manoel Antonio Nogueira, todos maiores da excepção, e conhecidos de mim Antonio Rodrigues de Moura. Tabellião que a escrevi. = Floriano Vieira Perdigão = José Alexandre Castello Branco = Francisco José Rodrigues Santa Baia = Manoel Antonio Nogueira = Nada mais se continha em dita escriptura i ao livro de Notas nu reposto, escrevi i assignei com meos signaes rasos de que uso Neste Sitio Santa Anna no mesmo dia, mez, e anno assima declarados. Eu Antonio Raulino de Moura Tabellião que o escrevi e assignei.

Em fé de Verd.e
Antonio Raulino de Moura


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O Longa metragem
Eu Não Conhecia Tururu,
lançado em 2002, foi inteiramente filmado no Ceará.
Teve roteiro e direção da atriz cearense Florinda Bolkan, e Amilcar Claro como diretor assistente.
Félix Monti foi o diretor de fotografia, com André Scarlazzari na direção de Arte e Owaldo Lioi na cenografia.

O elenco:
Maria Zilda Bethlem
Florinda Bolkan
Ingra Liberato
Suzana Gonçalves
Valentina Vicario
Fernando Alves Pinto
Herson Capri
Lídia Matos
Duze Nacarati
Grace Gianoukas
Luisa Falcão
Marta Pessoa

O filme conta a história de uma família de classe média alta que tem suas origens no Ceará e se reúne para o casamento de uma das quatro irmãs (Florinda Bolkan, Maria Zilda Bethlem, Suzana Gonçalves e Ingra Liberato)
Duas dessas irmãs moram no exterior e, após anos de separação provocada pelas próprias circunstâncias da vida, encontram-se na antiga propriedade da família (casarão do São Luis), onde mora a mãe viúva (Lídia Matos) com uma tia solteirona (Duze Nacaratti). O retorno das filhas e o reencontro com as amigas, mostra a descoberta de diversas formas de relação afetiva, dentro do universo feminino.


Cena com Lídia Matos na varanda...

Cena com Lídia Matos, Duze Nacaratti e Florinda Bolkan (Quarto da frente)
Cenário na Sala de Visitas

Florinda filmando a cena de "reisado"
que mostra uma passagem do tempo...
Com as quatro irmãs ainda crianças...
E elas adultas, anos depois, na mesma janela...
Florinda Bolkan, Suzana Gonçalves, Maria Zilda e Ingra Liberato
Cena de um almoço na Sala de Jantar






Diretor Amilcar Claro com Florinda e Ingra Liberato
Quarto de Eleonora (Florinda Bolkan)


Ingra Liberato
Fernando Pinto

Ingra Liberato e Daniel de Goes Nepomuceno

Florinda Bolkan - Produtora, Diretora e Atriz nesse filme.
Oswaldo Lioi - Direção de Arte



André Scarlazzari - Direção de Arte




Suzana Gonçalves
Lídia Matos
Florinda e Laura
Duze Nacaratti e Laura

Florinda e Fernando
Maria Zilda Bethlem,
Com esse filme, ganhou o Kikito de Melhor Atriz,


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 O projeto cinematográfico

"Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito",
é o primeira longa metragem de época rodado e produzido no Ceará.
A produção utilizou reconstituições e depoimentos para transitar por uma história repleta de exemplos edificantes desse ilustre cearense radicado desde muito jovem na cidade do Rio de Janeiro.
Médico e político, o Dr. Bezerra de Menezes, dedicou sua vida e seu amor ao próximo,  praticando o bem e se dedicando de todo o coração aos mais pobres.
Dirigido pelos cearenses Glauber Filho e Joe Pimentel, com roteiro de Luciano Klein, o filme "BEZERRA DE MENEZES" é um "docudrama" que teve tambem a participação de atores cearenses além de grandes nomes da dramaturgia brasileira, contando com a brilhante atuação do ator Carlos Vereza no papel principal, e ainda os atores Lúcio Mauro, Caio Blat, Paulo Goulart Filho e Nanda Costa.
Com a direção de arte liderada por André Scarlazzari, as gravações aconteceram entre os meses de maio a julho de 2007, e dividiram-se entre Pacoti no
Sítio São Luis,
e ainda em Aratuba (Solar da família Pereira), Guaramiranga (Convento dos Capuchinhos), Mulungu (Sítio Álvaro) e Fortaleza, seguindo depois pra Recife e Rio de Janeiro.


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Make in off
de algumas cenas desse último filme: 

O menino Bezerra de Menezes diante do oratório da família
Joe Pimentel e Charles Northrup revendo algumas cenas do filme.
Foto de Janus Lönngren (2007)
Elenco reunido na Varanda do Sítio São Luis
Cena do Jantar de despedida do jovem Bezerra de Menezes...
antes dele seguir para estudar Medicina no Rio de Janeiro. 
Cena com o ator cearense B. de Paiva



O ator Carlos Vereza no papel principal, assumiu publicamente sua admiração pelo médico cearense, falou de sua responsabilidade e satisfação em interpretá-lo, disse não ter nada em comum com o ilustre personagem e comentou:
"Como é que um grão de areia vai querer refletir o sol?"

Acima: fotografia do Charles Northrup feita por ocasião das gravações do filme
Bezerra de Menezes no sítio Sítio São Luís, em 2007.
Da esq. p direita:
Raquel de Goes, Cláudia de Góes, Vereza,
Gilson Leal, Laura de Goes, Fernando de Goes,
Janus Lonngren e Renata de Goes.
Nesta foto com Carlos Vereza:
Raquel de Goes Nepomuceno e Claudia Mattos Brito de Goes.


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REGISTRO de VISITAS
e passagens de
AMIGOS ao
SÍTIO SÃO LUIS

Passeio na Serra - Motocicletas
19 de Março de 2012 - Segunda Feira

Relato de motociclistas em visita ao Sítio São Luis:

“Segundona, 19 de Março de 2012, feriado estadual do Dia de São José, padroeiro do Ceará. É dia de esperança matuta, pois se chover, é sinal de bom período de chuvas, segundo a tradição sertaneja.
Joarez Dallago (Tènèrè 660), Macelo Teles (BMW 1200GS), Paulo Walraven (BMW 800GS) e eu (Luiz Almeida) com minha V-Strom 650, combinamos um passeio pelas estradas que cortam a Serra de Pacoti e Guaramiranga, no Maciço de Baturité, cerca de 100km de Fortaleza.
Saímos às oito da manhã, passamos por Maranguape e demos uma parada para lanche na Ladeira Grande, depois de pegarmos uma chuvinha tipo bênção do santo do dia. A partir deste ponto o passeio começou a ficar interessante, zona rural, pouco movimento e paisagens interessantes.
Subimos a Serra pelo asfalto com centenas de curvas fechadas até Palmácia. De Palmácia começamos a rodar por estradas alternativas, a maioria de pedra tosca e em mau estado - às vezes barro molhado ou muitas pedras soltas.
No meio deste trecho Joarez me passou a Tenebrosa dele para eu experimentar. Não sei se foi porque saí da Struminha, com todo aquele peso, aro 19" e rodas de liga leve, e passei para uma moto alta, de aro 21", rodas raiadas e grande aptidão para o off road, que achei uma delícia pilotar a Yamaha. Senti-me em casa. Se a dona Yamarrenta tivesse trazido esta moto na época em que a desejei, mas tive que me conformar com uma XT660, em 2007, acho estaria até hoje com ela. Agora é tarde, a Inês é morta e a Suzuki DL650 manda!
Em Pacoti, por volta do meio dia, paramos num restaurante para a natural hidratação, uma típica panelada e um carneirinho guisado. Tudo muito bom. O garçom gentilmente procurou as informações que pedimos e seguimos para rever o Sítio São Luís, uma quase bicentenária fazenda de café, que eu havia visitado há mais de vinte anos.
Fomos muito bem recebidos pelo Gilson, da família dos proprietários, que nos deixou totalmente à vontade para conhecer e fotografar todas as dependências da casa. O mesmo Gilson sugeriu que, em vez de voltarmos à Pacoti, seguíssemos passeio por estradas vicinais até Redenção. 

Luiz Almeida é motociclista por convicção desde os anos 70. Antes mesmo de ter sua primeira moto já lia revistas especializadas enquanto sonhava poder rodar com sua própria motocicleta.”
Fotos enviadas por eles:







 
Para saber mais sobre eles, entre no site:

http://www.historiasdemotocicleta.com.br/

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TERCEIRA CAVALGADA da SERRA de BATURITÉ
21 de Abril de 2012 - Sábado
Relato do cavaleiro Alexandre Parente referente à passagem e almoço dos cavaleiros da Terceira Cavalgada da Serra de Baturité, em sua parada tradicional no Sítio São Luis:
"Meus Caros: A terceira edição da Cavalgada da Serra de Baturité, em Guaramiranga, do Haras Chicote (Moacir Cavalcante) e Santa Clara (Beto) com o apoio de nosso querido amigo Luiz Otávio de Mattos Brito Nogueira, que viabilizou tudo foi mais uma vez sucesso absoluto.
Em um cenário de pura beleza e um clima ameno, tivemos um tempo onde não teve sol, não teve chuva forte e com isso não teve poeira, dando um toque especial no dia do cavaleiros. Apesar de decidida a data de última hora, quem queria ir conseguiu se organizar e formou uma tropa de 47 cavalos. Destaque para a presença maciça do Núcleo de Maranguape que levou dois caminhões cheios de animais. A cavalgada super descontraída e num clima de amizade fez uma parada especial numa das muitas igrejinhas em que passou, para uma oração ao criador Cornélio Diógenes e o pai do criador Adolfo Guimarães que se encontram hospitalizados. O ponto alto da cavalgada foi a chegada ao Sítio São Luís em que fomos muito bem recepcionados por D. Cláudia Goes e família com um banquete a base de fava, carne de charque, farofa e torresmo que deve ter deixado as montarias com bem mais peso no lombo na segunda parte do passeio! 
O sítio São Luís é uma bela propriedade com sede belíssima de 1798, ano este em que não tinha o cimento para construção. Foi cenário de vários filmes, entre eles o recente Bezerra de Menezes-O Diário de Um Espírito, onde recebeu muitos artista ilustres.
Visitem e conheçam o blog do sítio para conhecer mais sua história:
Chegamos em Pacoti às 15:30hs, com todos os animais em perfeito estado
corporal e cavaleiros empolgados com tudo que viram e viveram nesse
belo dia de convivência com o MANGALARGA MARCHADOR. Parabéns aos amigos Moacir e Beto entusiasmados amantes da raça que criam e fomentos com eventos semelhante a este."
ALEXANDRE PARENTE 
Cavaleiro Luiz Otávio, da Fazenda Jarra












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MOVIMENTO PRÓ ÁRVORE:
Grupo de onze amigos, integrantes do Movimento Pró Árvore sediado em Fortaleza, promoveu uma expedição ao Sítio São Luis no último sábado, dia 11/08/2012, dispostos a conhecerem a reserva de mata nativa da propriedade:

Bruno Ary Ferreira, Antônio Sérgio, Aziz Ary, Wilton Matos, Bilica Leo, Wladiana Matos, Thaís Monteiro, Érica Pontes e Cínthia Selene Lopes.





                         
                                                   Antônio Sérgio

                             Árvore: Araçã-vermelho - Eugenia multicostata














8 comentários:

  1. Não sei de quem partiu a idéia, mas isso nada importa. O blog está maravilhoso, e eu, como primeira seguidora, espero encontrar sempre lindas palavras e imagens por aqui. Beijos a todos os meus amigos dessa família linda!

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  2. Parabéns minha mãe. Só mesmo você pra criar e nutrir esse blog de raras e belas lembranças e memórias. Só quem morou no São Luís, como nós, conhecemos a poesia deste lugar, só nós sabemos ler um soneto em cada canto da nossa casa. Sua bênção minha mãe e que Deus nos tenha a todos. Beijo do seu filho que lhe amam e admira e de todos os que compartilham do mesmo amor e admiração, seu neto Saul, sua neta Sophia e sua nora Rosângela Minha Véia.
    Daniel de Góes Nepomuceno

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  3. Salve Dona Cláudia,
    Obrigado pelo belo conteúdo desse Blog e por deixar que participe um pouquinho desse lugar tão rico onde passei momentos memoráveis e inesquecíveis de minha vida (e ainda viverei outros tantos, se DEUS quiser). Obrigado também por fazer parte de minha família e eu da sua ! Aprendi muito com o São Luis e ainda aprendo, em cada chegada e toda despedida (que sempre aperta o coração).
    Peço ao Criador, saúde e sabedoria para preservar, valorizar e engrandecer a "verdadeira" riqueza da família, do Sítio São Luis e da nossa Serra !
    Sua bênção e beijo na testa,
    Gilson Leal

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  4. Minha mãe, hoje mais do que nunca entendo que nosso o nosso carinho por esse "pedaço de chão" nasce a partir de você! Obrigada por nos ensinar valores tão singulares, por nos dá vida nesse lugar, por fazer dessa a nossa própria história.
    Te amo muito Mãe!!!

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  5. O Sítio abre para visitas? Estarei me hospedando em breve do Portal da Montanha, que fica próximo, e gostaría de conhecer.Obg!

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  6. Estava vendo vídeos de casarões antigos do Ceará e me deparei com está maravilha, parabéns para a senhora pois está muito bem conservado, e pode te certeza que sua propriedade faz parte não só da história da sua família mas também de nosso estado, o povo cearense deveria se espelhar em exemplos como o da senhora que preserva não somente sua história mas também os pertences de um povo que os identifica e mostra quem eles realmente eram... PARABÉNS.
    João Sildenisio

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  7. Excelente blog!
    Viajei lendo as histórias.
    Agora preciso conhecer o sítio!
    Lia Campos

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